O X Congresso Nacional de Senologia arrancou a 11 de outubro, juntando na Figueira da Foz todos os profissionais de saúde envolvidos no estudo, investigação e tratamento na área da patologia mamária, designadamente no cancro da mama, reunindo mais de 450 participantes. Em entrevista, o presidente do Congresso Dr. Luís Sá, sublinhou os destaques da 10.ª edição do evento. O primeiro dia do Congresso ficou desde logo marcado pela apresentação da primeira Base de Dados sobre cancro da mama a existir em Portugal, que passará a estar disponível para as cerca de 25 unidades de saúde que tratam a patologia da mama no território nacional. De acordo com o Dr. Luís Sá, “uma base de dados em cancro da mama vai permitir que haja uma melhor qualidade no tratamento do cancro da mama e também uma maior equidade”, uma preocupação que justificou, aliás, o lema escolhido para este Congresso: “Cancro da Mama - Qualidade e Equidade”. Como o especialista refere, “se trabalharmos devidamente os dados, vamos poder certificar unidades de mama”, o que terá um impacto muito significativo na qualidade de vida dos doentes. Além disso, esta nova ferramenta vai também impulsionar “a investigação na área do cancro”. O também diretor do Serviço de Ginecologia do Instituto Português de Oncologia de Coimbra destacou ainda um outro momento importante do Congresso: a assembleia geral da SPS que irá decorrer no final do dia de hoje e leva à discussão a alteração dos estatutos da SPP, com o objetivo de permitir que todos os profissionais de saúde que se relacionam com área do cancro da mama, independentemente da sua nacionalidade, possam fazer parte da SPS. “Penso que o congresso, para além da questão da Base de Dados, tem um ponto alto na Assembleia Geral: a alteração dos estatutos, por proposta dos atuais corpos da Sociedade Portuguesa de Senologia (SPS). Neste momento, os estatutos datam da fundação da sociedade, em 1989. Dos seus membros, podem apenas fazer parte médicos portugueses. Nenhum médico estrangeiro ou outro profissional de saúde pode pertencer à SPS.Com a aprovação dos estatutos, todos os profissionais que hoje fazem cancro da mama em Portugal podem ser membros: enfermeiros, técnicos de radiologia, técnico de radioncologia, geneticistas, fisioterapeutas, psicólogos. Todos os profissionais envolvidos, porque o tratamento do cancro da mama é multidisciplinar, poderão e deverão fazer parte da SPS. Abrimos a sociedade a todos aqueles que fazem cancro da mama, que antes estava restrita a médicos nacionais.” Quanto ao congresso e ao seu programa, “o congresso pautou também pela vertente científica. Elaborámos cinco cursos pré-congresso, que englobaram as diversas áreas profissionais: técnicos de radiologia, enfermeiros, um curso de oncoplástica. Atualmente, as mulheres estão a viver mais e melhor depois do seu cancro da mama e é preciso reabilitá-las fisicamente, que contribui também para a reabilitação psicológica. Os cursos pré-congresso tornaram-se uma formação intensiva nessas áreas. O congresso propriamente dito englobou temas desde a genética, ao tratamento da doente metastizada, com dos melhores profissionais que existem em Portugal e alguns estrangeiros. A formação aos mais de 400 congressistas que se inscreveram serão uma mais valia para quando regressarem aos seus hospitais, adotarem alguns dos procedimentos que aqui aprenderam”. Relativamente ao impacto a curto e médio prazo da utilização de uma base dados, o Dr. Luís Sá tem como opinião de que irá beneficiar os cuidados assistenciais e, a longo prazo, promover a acreditação das Unidades, pois “os hospitais em Portugal são, fundamentalmente, assistencialistas. Atualmente, os dados são um fator importante em todas as atividades humanas, sendo que na área médica também temos bastantes. Estes não estão avaliados ou trabalhados e, se isto acontecer, permite-nos melhorar a qualidade assistencial, permitindo-nos também criar sistemas em que a equidade seja importante. Um base de dados em cancro da mama, permitirá uma melhor qualidade no tratamento e maior equidade. Esse e o lema do congresso "Cancro da mama: qualidade e equidade", porque a base de dados irá ajudar a atingir esses dois objetivos. Se trabalharmos devidamente os dados, é-nos permitido certificar unidades de mama e isso terá um impacto muito significativo na vida das doentes. Não só porque lhe as aumenta a qualidade, como também torna igualitário o tratamento que é efetuado. Há perspetivas de investigação fantásticas e se trabalharmos os dados podemos investigar na área do cancro. É uma área que tem um desenvolvimento muito grande em todo o mundo, mas em Portugal não. Assim podemos investigar e, se conseguirmos acreditações, podemos fazer turismo nesta área da saúde. Ao possuir unidades de padrão internacional, podemos oferecer tratamentos de qualidade a doentes que não sejam portugueses. O responsável pela aquisição da base de dados da SPS e da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) é o atual presidente da SPO, Dr. Paulo Cortes, que também faz parte da direção da SPS. Através desta parceria vamos conseguir disponibilizar às unidades que fazem mama em Portugal uma ferramenta indispensável para que façamos um trabalho adequado no Cancro da Mama”, conclui.